sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Overdose de: Castelo Rá -Tim-Bum


 Não há dúvidas de que o Castelo Rá-Tim-Bum é o melhor programa infantil já transmitido na televisão brasileira, superando em qualidade todos os produtos televisivos importados, inclusive. Era um show divertido e que incentivava a imaginação e, ao mesmo tempo, educativo, mas sem ser chato.

Talvez nos anos 90 não tivéssemos ideia da riqueza desse material produzido pela TV Cultura. Porém, quando assistimos aos episódios hoje, já crescidos, nos damos conta da quantidade de conhecimento que construimos assistindo a esse programa. E é pra comemorar o Dia das Crianças que o Overdosis Blog preparou esse post especial sobre o castelo mais querido da nossa geração, com conteúdo praticamente inédito para muitas pessoas.




Essa abertura dava arrepios! A trilha sonora foi muito bem produzida, não só dessa vinheta, mas de toda a trilha do programa. O Castelo foi o maior incentivador da música nas crianças. Ela era quase onipresente, seja cantada pelos passarinhos da árvore da cobra Celeste (João de Barro e as Patativas), na caixinha-de-música, explicando a fabricação de alguma coisa no "Como se faz?", ensinando Matemática com os dedos da Dedolândia ou dando conselhos à criançada com o Ratinho. Vamos falar mais sobre isso mais tarde.

Não só a música, mas as artes circenses e a literatura também apareciam com frequência no seriado. O circo em miniatura nos provocava admiração a essa arte tão antiga, e o Gato Pintado sempre indicava aos demais personagens poemas e contos de grandes nomes da literatura brasileira, de Mário Quintana a Cecília Meirelles, passando por Vinicius de Moraes. Obras que ganhavam vida por meio da animação. 

Os conteúdos didáticos eram passados de uma forma que o telespectador mirim ficava curioso em relação ao tema tratado. Aprendíamos história com os relatos da bruxa Morgana (que teria vivenciado tudo aquilo), ciência com irmãos Tíbio e Perônio, matemática com a Dedolândia, folclore brasileiro com a Caipora e os travalínguas e enigmas do Mau, sem falar nos conhecimentos gerais com o Telekid, Lana e Lara e outros quadros.

O Castelo formou mais do que crianças cultas e com bom desempenho intelectual: as primeiras noções de cidadania de muita gente foram aprendidas com o programa. Quem não se lembra da Zula, a menina extraterrestre azul, que chegou a sofrer preconceito por causa de sua cor? Ou do episódio em que uma eleição é organizada dentro do castelo? Também entra nessa lista o vilão Dr. Abobrinha. Ele é um especulador imobiliário e representa um dos maiores problemas do Brasil, que vem aumentando a todo vapor nas grandes cidades. O Rio de Janeiro, por exemplo, está cheio de Abobrinhas, só que ao invés de derrubarem um castelo, eles querem acabar com comunidades pobres. Naji Nahas também é uma espécie de Dr. Abobrinha (vide Massacre de Pinheirinho).
 
O Ratinho, apesar de ser uma praga sanitária, era o mestre da higiene e da saúde. Banho e escovação dental eram suas prioridades, mas também dava lições de meio ambiente e sustentabilidade. O roedorzinho azul cantava músicas que incentivavam o bom tratamento do lixo e sua reciclagem.
Outro ponto que merece destaque é a cenografia. O Castelo era todo de verdade por dentro, fazia as crianças sonharem em entrar lá e tocar em tudo, inclusive eu. Vou mandar um e-mail à TV Cultura perguntando o que fizeram com todo aquele material e propondo a instalação permanente dele num local aberto ao público. Caso seja ouvido, posto a resposta nos perfis do blog nas redes sociais.

Atualização em 2015:  a exposição do Castelo foi um sucesso no Museu da Imagem e do Som de São Paulo e tá bombando no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio. Se você não foi, corre!

Atualização em 2017: não me responderam, mas foi montada no Memorial da América Latina, em São Paulo, uma exposição simulando os ambientes do Castelo!


Separei alguns vídeos que mostram a construção da super estrutura do cenário e do figurino, confiram:
Making-of Castelo Rá-Tim-Bum (o vídeo não pode ser incorporado)



"Hora de dormir" foi um especial de natal do Castelo que só foi exibido duas vezes na televisão. Até a semana passada eu não sabia da existência disso! Se tiver tempo, assista e fique com inveja do menino que visitou o Castelo:




Voltando a falar de música, como disse antes, o seriado contribuiu para a formação de ouvintes de música de boa qualidade. Os instrumentais que tocavam nos episódios e a trilha contêm estilos diversos e apresentam a música como arte, não como produto. De samba ao rock, de merengue ao sertanejo de raiz. A diversidade de ritmos na trilha sonora, que eu tenho (vide imagem a cima), surpreende quem ouve. Vou compartilhar o meu tesouro com vocês:



*Atualização em 05/04/2017

Há meses vinha procurando também a trilha sonora de "Castelo Rá-Tim-Bum - O Filme" , de 1999, sem sucesso. Ao que parece, ninguém quis compartilhar essa relíquia na internet. O destino, porém, às vezes coopera com a gente: encontrei uma cópia disponível no Mercado Livre, em perfeito estado, de um vendedor próximo, por apenas R$ 15! Outros exemplares, geralmente de outros estados, custam em torno de R$ 50. No meu caso, nem precisei pagar pelo frete, já que fui buscar pessoalmente.

A questão é que esta pode ser a primeira vez na história da internet brasileira que alguém compartilha esse álbum inteiro. Sem mais delongas, apreciem o primor que é essa mistura de ópera com rap composta por André Abujamra e Lulu Camargo. (Dica: para ver a lista de músicas, é só abrir a página do áudio, clicando no título do player)



Ficou nostálgico? A Cultura tinha disponibilizado todos os episódios num site especialmente montado para comemorar o 18º aniversário do Castelo Rá-Tim-Bum: A página reúne os episódios inteiros e vídeos separados por quadro.
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Postar um comentário